31/03/2010

Escrever às vezes perde completamente o sentido.

parabéns

31/03/2010

Hoje em meio ao temporal eu saquei o caderno e registrei, “escrevo debaixo de chuva”. Felisberto remeteu uma foto suave que tratei e publiquei. Quarta-feira eu visito uma república. Hoje finalmente aprendi a melodia que acompanha os versos, “– Gatinha, cê gosta mais de Red Label ou ice?”. Madeleine também conserva um blog. Ela faz aniversário em nove minutos. Parabéns.

trabalho

31/03/2010

Aproximadamente um estranho no ninho. Escrevo no entreato de uma etnografia. À medida que essas criaturas dispõem de seus corpos na consecução de movimentos sublimes eu programo o meu para o exercício de uma escrituração. Olhares fortuitos dão prova da minha presença. Outra parelha de lésbicas. Um perverso varão proclamou que a homossexualidade feminina é senão o delito original estruturado numa vinculação recíproca. Espaços que requerem pés descalços almejam a ordem do sagrado. Fim do intervalo. Volto ao trabalho.

insípido

31/03/2010

Escrevo rente à mesa da padoca onde aguardo a chegada de um abastecimento honesto. Salada, bisteca armada à milanesa, batata em apuros. Dentro em pouco darei início ao trabalho de campo. Ontem a senhorita Fortes Alves legou-me notas preciosas no blog e um belo par de fotos coloriu meu aspecto insípido.

tranquilidade

31/03/2010

Caralho, cinqüenta criaturas desembocaram hoje neste lugar. Oito delas constataram a delirante concordância “uma naco”, que já foi devidamente remediada. Lia acaba de ser banida do big brother. Maitê me ofereceu sua máquina fotográfica. Se fizer bom tempo amanhã. Hoje conquistei uma leitora nativa, Madeleine. É hora de perseverar com tranqüilidade.

balanço

31/03/2010

Hora de esperar é hora de escrever. Estação Vila Madalena. Ali fora um monumento caridosamente concreto serve de amparo ao sono de um morador de rua e à esferográfica devotada de um escriba itinerante. Maitê me acolheu provisoriamente. O “morador de rua” que jazia à superfície da obra não passa de um mancebo trivial que ao despertar vestiu a mochila e deduziu, “– Mais um patife indelicado escrevinhando em público”. Uma gaiata de dread que até então me espreitava acaba de desabotoar um caderno. Não sei se redige ou se desenha. Qual a diferença afinal? Hoje eu vou experimentar a casa nova de Felisberto. A lua está quase repleta. Esse sistema de transporte urbano efetuado por comboios de veículos a tração elétrica que circulam em vias subterrâneas é uma fonte cósmica de inspiração. Vou comprar uma cerveja. Bom balanço.

recusa

31/03/2010

Bertha telefonou pela manhã. Quando não carrego descubro um desejo de revê-la. Quando não levo encontro uma vontade de deixá-la colorir minhas tramas. Meus textos reclamam grande esforço. Boa recusa.

29/03/2010

toleima

29/03/2010

Hoje acolhi um e-mail de Lila. Sinto saudade da sua astúcia feminil. Hoje aprendi que signos geram signos e falei mais que o habitual. Quero reaver Severina. A estampa da janela está um capricho. Vou produzir uma foto. Já volto. Titica, as pilhas da minha máquina fugiram. Bertha frutesceu o desenho mais gracioso da estação. Publiquei imediatamente. Ela manda brasa. Hoje entrei em contato com um trecho do conhecimento especulativo fabricado por Giorgio Agamben. Estou lendo Profanações. Elaborações potentes. Hoje conversei com Mama-ô-mama e ela me aquietou o peito. Papito foi submetido a exames e tudo vai bem. Mana me expediu um beijo. Onde será que pus essas pilhas? A paisagem é primorosa. Um cortinado da cor do mar profundo em dia claro furta metade da janela. Trajes medicinais pendem da haste da cortina. Uma fatia do forro do telhado se faz notar e um naco de céu purpúreo paira sobre janelas escrupulosas que perturbam caixotes espessos que sustentam uma antena que fecha e abre rapidamente os olhos rubros. Hoje atravessei a Rua Borboletas Psicodélicas. Pleonasmo? Goulard concedeu ao meu último post um comentário doce. Dezoito criaturas visitaram meu blog hoje e isso torna minha ingenuidade ditosa. Boa toleima.

29/03/2010